Esta oficina eu dedico à memória de meu querido Mestre Sinésio Dantas de Santana que, meio a sua maneira apaixonada de tratar ferramentas e madeiras, esqueceu de perceber que era sábio, que sua arte era poesia pura e sua simplicidade delicada e generosa em ensinar, um dom raro que poucas vezes tive a sorte de desfrutar.



A primeira oficina de marcenaria que conheci, ainda criança, ficava nos fundos de uma vila da rua Lopes Quintas no Jardim Botânico, literalmente no meio da mata Atlântica do sopé do morro do Corcovado. Era um enorme galpão de madeira de chão de terra já quase totalmente coberto pela serragem que, pelas graças de Deus e preguiça dos homens, nunca foi varrida permitindo entao que o cheiro de cerejeira misturado com canela e pinho de riga jamais saísse do ar e de minhas narinas! No térreo ficava a sala de maquinas e num enorme jirau, dezenas de praças. E neste mundo de magia eu, com minha insistente e silenciosa curiosidade, acabei por ser aceita naquela comunidade com o compromisso de só olhar. Só olhar, sem mexer e sem perguntar.Foi uma experiência que norteou minha escolha profissional. Sem nunca me afastar deste universo, me formei em Arquitetura e, na década de 1980 fiz o curso marcenaria no SENAI e de torneado em madeira com o Mestre Sinésio Dantas de Santana.Antes mesmo de sair do SENAI, já iniciava minhas atividades de produçao de movelaria numa praça alugada na rua Santa Maria 18, em parceria com meu instrutor. Cheguei a ter uma oficina completa, com duas bancadas e todas as máquinas. Quando perdi este espaço espalhei as máqinas pelas oficinas amigas, o que inviabilisou minha atividade de marceneira.Nas lacunas de meu escritório de Arquitetura, desenvolvi alguns desenhos e pesquisas sobre design e tive então a oportunidade trabalhar com diversas marcenarias, especialmente com Francisco espanhol e Antônio seu filho.De 1997-2001 volto à uma oficina-laboratório de marcenaria, como professora no curso de Desenho Industrial – Projeto de Produto – PUC-RJ, cadeira Representação em Volume III – Madeira.Em março de 2002 inicio uma pesquisa auto didata sobre carpintaria naval, em Várzea do Una, litoral sul de Pernambuco, onde moro até a fevereiro de 2003.Famosa por sua produçao naval, especialmente traineiras, tive o privilégio de conviver e pesquisar a linha náutica do Mestre Zuza em seu estaleiro, um dos mais importantes da costa do Nordeste, com quem de fato aprendi os mais recônditos segredos empíricos da geometria, da geometria descritiva, da física e da hidrodinâmica.

Banco de igreja


Uma leitura livre sobre design de um Banco Shaker
Madeira de frejó
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Prototipia e execução - Oficina da Travessa
2007

Cadeira de Engenho



Esta é uma cadeira típica dos alpendres das Casas Grandes dos engenhos nordestinos.Este modelo era do engenho Queimadas do Senhor Waldemar Bello.O curioso desta cadeira é a semelhança ergonômica da cadeira Red Blue, de Rietveld - Holanda 1918 - com esta da zona canavieira brasileira certamente construída nos próprios engenhos. Ainda hoje é largamente produzida com variações e especificações diversas.

Especificações: MDF 15mm
Acabamento: esmalte PVU aplicado a pistola

Prototipia e execução - Oficina da Travessa
2007